terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mulher Samaritana II


É por isso que a história que você está prestes a ler é tão importante. Trata-se da história de outa lápide. Dessa vez porém, a lápide não indica a morte de alguém, e sim seu nascimento.

Seus ombros se inclinam sob o peso do cântaro da água.Ela mantém a cabeça baixa, pois assim não precisa cruzar seu olhar com o das outras pessoas.
Ela é uma samaritana, e sabe o que significa o racismo. Também é mulher, por isso sempre sofreu em uma sociedade machista. Foi casada com cinco homens. Cinco. Cinco casamentos diferentes. Cinco camas diferentes. Cinco rejeições diferentes.
Ela sabe o que é amar sem receber nenhum amor em troca. O parceiro atual nem mesmo lhe dará o sobrenome. Ele só oferece a ela um lugar para dormir.
Se há uma Grace Llewellen no Novo Testamento, é aquela mulher.O epitáfio da insignificância poderia ter sido dela. POderia, se não fosse certo encontro com um estranho.

Naquele dia, em especial, ela foi ao poço ao meio-dia. Por que não foi logo cedo?
Talves estivesse evitando o contato com outras mulheres. A caminhada sob o sol quente valia a pena, desde que pudesse evitar línguas afiadas.
- Lá vem ela.
- Soube que ela já está com outro?
- Dizem que ela dorme com qualquer homem que aparece.
- Psiu, fale baixo. Ela está chegando.
Por isso, ela foi ao poço à tarde. Esperava encontrar silêncio.
Esperava ficar sozinha. Em vez disso, encontrou alguém que a conhece melhor do que ela mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário